
Duas semanas se passaram e foi muito estranho, eu falava com o Arthur só o necessário, e eu acho que ele tinha entendido o porquê, já que tentou forçar a barra umas duas vezes (isto é, tentar ter uma conversa direita e longa comigo) e depois dos cortes que eu dei, parou. Fui algumas vezes no pub pra não deixar o pobre do Aaron na mão. Eu estava tendo uns enjôos esquisitos de uns 3 dias pra cá e hoje os meninos iam chegar da lua-de-mel, então a Melzinha e o Chay iam vir pra cá para podermos preparar um jantar (isto é, eu e a Melzinha, é claro) para a volta dos pombinhos. Eu tinha acabado de voltar do supermercado quando a campainha tocou, deixei as coisas que eu estava carregando na cozinha e fui abrir a porta. Dei de cara com uma Melzinha e um Chay muito sorridentes.
- Hey – Falei, dando espaço para que eles entrassem em casa.
- Hey, Luinha – Disse Chay, entrando na frente e me dando um beijo na testa.
- Oi, amiga – Disse Melzinha, me dando um abraço apertado com algumas sacolas na mão.
- Por que vocês estão tão sorridentes? – Falei, achando graça da situação.
- Bem, não é todo dia que seus melhores amigos voltam de viagem – Falou Melzinha com falsa indiferença indo em direção a cozinha, me fazendo rir.
- Com presentes – Completou Chay, me fazendo rir alto.
- Luinha, o Arthur tá em casa? – perguntou Chay.
- Hm, não sei. Olha lá em cima – Falei indo em direção a cozinha com a Mel.
- Amiga, trouxe todos os ingredientes para fazer aquela minha torta de pêssego – Falou Melzinha, fazendo uma cara engraçada de como estivesse falando que a torta é uma delícia. Ri da cara dela e lembrei de como era a torta. Meu estômago embrulhou. Mas eu sempre amei aquela torta, sempre enchi a paciência dela para que ela fizesse pra mim e agora meu estômago embrulha só de pensar? O que está acontecendo comigo? AMelzinha vai ficar chateada se eu não comer, então é melhor eu falar pra ela que estou passando mal de uns dias pra cá.
- Hã... Melzinha?
- Oi?
- Acho que não vou poder comer sua maravilhosa torta – Falei, fazendo biquinho.
- Por quê? – Perguntou ela imitando o meu gesto.
- Bem, eu não tô me sentindo muito bem. Eu amo essa torta, você sabe, mas só de pensar nela meu estômago embrulha – Admiti.
- Sério, amiga? Mas por que isso? – Perguntou.
- Não sei! Isso vem acontecendo de uns dias pra cá, alguns perfumes e comidas estão me enjoando muito – Falei.
- Lua, sua menstruação está perto de chegar? – Melzinha me perguntou séria.
- Na verdade, ela não é muito regulada, então não sei – Falei.
- Hm, mas posso te perguntar uma coisa? – Ela disse ainda séria.
- Claro.
- A última vez que você teve relações sexuais foi com o Arthur, não é? – Perguntou.
- Sim, por quê? – Perguntei curiosa.
- Vocês usaram camisinha? – Quando ela perguntou que eu me lembrei que nós não tínhamos usado mesmo. Quanta falta de responsabilidade nossa, meu Deus! Como pudemos esquecer isso?
- Na verdade, não. – Admiti, esperando ela me espancar já.
- Ai, Lua, não acredito. Que falta de responsabilidade de vocês dois! – Ela disse mais calma do que eu achei que estaria. – Acho que você tem que fazer teste de gravidez – Ela disse em um tom mais baixo e mais calmo.
- Ah, não, Mel. Isso é loucura! Eu não estou grávida – Falei. Ela só podia estar louca, eu apenas estava passando mal, nada com que eu devesse me preocupar de verdade. Eu não estava grávida. Eu não podia estar.
- Pode ser que não esteja mesmo, Luinha, mas pode estar. Não custa você fazer o teste - Falou Melzinha se virando para pegar os ingredientes para fazer a torta.
- Mel, como você pode falar uma coisa dessas pra mim? Eu não estou grávida e ponto final – Falei já impaciente.
- Olha, Luinha, é uma possibilidade, sim, sabia? – Ela falou calma.
- Sim, eu sei que é uma possibilidade, mas não é verdade. – Falei e logo depois bufei. Aquela discussão com a Mel estava me deixando irritada já.
- Então por que você não faz o teste e me mostra que você está certa e eu errada? – Disse ela olhando em meus olhos e falando em um tom de aposta. Melzinha é a minha melhor amiga, ela sabe muito bem como fazer para que eu faça as coisas. Eu sempre amei uma aposta.
- Mel, não brinca com coisas sérias – Falei séria e a ouvi rir baixinho. Ela sabia que eu falava sobre o meu sentimento por apostas. – É sério,Melzinha. Eu não vou apostar nada com você, porque eu tenho certeza que eu não estou grávida. – Falei convicta.
- Então tá bom, você que sabe. Mas fique sabendo que eu vou continuar falando que você tá grávida até suas menstruações pararem de vir e a sua barriga aparecer, daí você vai ver que eu estou certa – Falou em um tom indiferente, me deixando com muita raiva. Mel, por ser minha melhor amiga desde sempre, sabia muito bem como mexer com os meus sentimentos me induzindo a fazer coisas.
- Tá, Mel, compra a droga desse teste que eu faço. Só pra você parar de me encher a paciência. – Explodi.
- Isso! – Comemorou Melzinha me fazendo virar os olhos – Então vai adiantando o almoço que eu vou na farmácia pra comprar, tá bem? – Ela falou já deixando de lado os ingredientes da torta.
- Mas você vai agora? – Falei e minha voz saiu com um tom de medo.
- Tá com medo, dona Lua? – Falou sorridente – Sim, vou agora.
- Não é isso, porque eu sei que não estou grávida. E mesmo que estivesse ia ser muito cedo pra descobrir, então de qualquer modo vai dar negativo – Falei, olhando pra cima. Eu estava, sim, com medo, só não queria admitir isso pra Mel. – Acho que você não devia ir agora. Primeiro que os meninos podem chegar a qualquer momento e eu sei que você quer muito estar aqui quando eles chegarem. Segundo que você não pode deixar a torta sem fazer, porque eu realmente não sei fazê-la e terceiro que se o Chay e o Arthur perguntarem aonde você vai, o que você vai responder? – Falei em uma tentativa de fazê-la não ir. Ela me escutou com os braços cruzados, a sobrancelha levantada e parada na porta.
- Já acabou com as desculpas pra não me fazer ir? Você sabe que eu vou de qualquer jeito – Ela disse, virando de costas e saindo de casa. Bufei e comecei a fazer o almoço, não sei da onde Mel havia tirado aquela loucura, mas eu sei que quando ela coloca algo na cabeça, ninguém tira.
Alguns minutos se passaram e eu escutei a campainha tocar, ouvi a porta se abrir e ouvi pessoas, que eu conhecia muito bem, dando gritinhos de felicidade. Não era Sophia e nem Amanda, era os quatro gays que eu amava e chamava de melhores amigos. Ri comigo mesma e fui para a sala encontrando-os se abraçando.
- Amiga! – Amanda gritou e pulou em mim, me dando um susto. Ri e a abracei forte.
- Estava com saudades! Como foi de viagem? – Falei durante nosso abraço apertado.
- Eu também, muitas! Foi ótima, depois te conto tudo com detalhes – Disse ela me dando uma piscadela e me fazendo rir.
- Luinha! – Sop gritou do outro lado da sala e veio me abraçar tão forte quanto Amandinha.
- Que saudades que eu estava de você, Sop! – Falei, retribuindo o abraço.
- Eu também, amiga – Disse ela, me soltando – Depois nós precisamos conversar seriamente, não é? – Disse ela fingindo estar brava, me fazendo rir de leve.
- Sim, depois nós conversamos, Sophia... Mas depois mesmo. – Falei e vi a porta ser aberta novamente, mas agora era a Mel e eu não tinha ficado feliz de vê-la entrar com aquela sacola da farmácia na mão, não mesmo. Dei um abraço forte em Rodrigo e Micael também, depois ficamos todos sentados na sala ouvindo-os contar sobre a maravilhosa viagem que tiveram. Como sempre, nos fizeram rir várias vezes por várias situações queMicael e Rodrigo criaram. Depois de algum tempo, fomos almoçar e eu comi duas vezes com o prato cheio, parecia que tinha anos que não comia nada. É claro que Mel me olhou estranho por causa disso e eu apenas ignorei, depois do almoço fui lavar a louça e Melzinha veio atrás de mim.
- Você vai fugir até quando? – Perguntou ela parada na porta.
- Não tô fugindo – Falei e continuei lavando a louça.
- Olá, meninas, deixe a louça com nós duas agora, vocês já fizeram o almoço, não precisam fazer mais nada, sumam da cozinha. – Disse Sophia entrando na cozinha e pegando o prato da minha mão, Amanda veio logo atrás.
- Isso mesmo, sumam daqui agora, não quero reclamações – Disse Amanda.
- Tá bem, não vou recusar porque eu e a Luinha precisamos fazer uma coisa muito urgente, né Lua? – Disse Mel. E ela tinha me chamado pelo nome, acho que ela estava com um pouco de raiva por eu estar fugindo dela o tempo todo.
- Hm, não muito. – Ignorei a raiva dela e sentei na cadeira da mesa da cozinha.
- Anda, Lua, pára de me enrolar. – Falou Mel me puxando pela mão.
- Gr, tô indo. – Resmunguei. Subimos as escadas e fomos pro meu quarto, entrei primeiro e Mel veio atrás, trancando a porta atrás de si. Entregou-me o teste e me indicou a porta do banheiro com a mão.
- Vamos, nós não temos o dia inteiro – Falou com a cara fechada me fazendo rolar os olhos. Peguei o teste e fui até o banheiro, fiz e voltei pro quarto.
- Agora temos que esperar 5 minutos pra você ver que isso tudo é uma palhaçada e é tudo da sua cabeça. – Falei sentando na cama e não dando a mínima pra cara fechada de Melzinha.
- É, quando der 5 minutos você vai ver que é mesmo invenção minha. – Falou ela. Passamos os cinco minutos em silêncio após esse diálogo nada construtivo.
- Deu tempo, vai lá olhar. – Levantei-me sem o menor ânimo e cheguei até a porta do banheiro e simplesmente travei. Não conseguia ir pra frente de jeito nenhum.
- Por que tá parada? – Melzinha me perguntou. Virei-me pra ela.
- Olha pra mim? – Falei insegura.
- Tá com medo, é fofinha? – Disse ela com uma cara de provocação.
- Sim, Mel, depois de tudo o que você falou, você conseguiu me deixar com medo. – Falei voltando a sentar na cama.
- Tá bom, amiga, eu olho – Disse ela se levantando e indo até o banheiro, acompanhei o seu movimento e parecia que tudo estava acontecendo em câmera lenta até que ela pegou o teste e olhou pra mim. Acho que nunca tive tanto medo na minha vida.
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