segunda-feira, 14 de maio de 2012

"A garota da porta vermelha"


                                            
                                                  Capítulo 14 ao 15


Capítulo Catorze: “Passatempos”.

[N/A: Amores da minha vida, a autora mais estranha do mundo [leiam: eu!] gostou de escrever em 1º pessoa. Então esse capítulo é assim também ok?].

Lua sua maluca, se afasta desse corpo maravilhoso agora! Meu Deus, por que ele tem que beijar tão bem? E essas sensações não podem ser ‘divinas’. Droga, por que você tem que ser irritantemente desejável?
Bom, deixe-me explicar minha atual situação: estou praticamente sem meu adorável vestido verde, toda descabelada... e o Arthur? Hum, deitado sobre mim, com a camisa toda aberta [não me pergunte onde o suéter dele foi parar] e bom, o cabelo dele não ta muito diferente do meu.
Ele se mexeu um pouco, ficando entre as minhas pernas, enquanto beijava meu pescoço. Os únicos ruídos no quarto eram as nossas respirações ofegantes, e estalos dos beijos. Só meu abajur está aceso, mas é iluminação suficiente pra que eu possa ver o olhar brilhante de desejo do Arthur.
“...olha Luinha, eu vou ser honesta, eu sempre gostei dele... Eu realmente quero ser sua amiga...” A voz da Sallie surgiu na minha cabeça e eu congelei. Arthur percebeu minha reação, então entrelaçou a mão no meu cabelo, mordeu meu lábio e deu um sorrisinho.
- Arthur? – ele deu uma mordidinha na minha orelha e fez ‘hum?’ – Pára.
- Por quê? – a voz dele saiu meio abafada, já que ele beijava meu pescoço de um jeito 
muito provocante.
- Porque nós não podemos fazer isso – eu tentei afastá-lo, mas ele subiu a mão que não estava no meu cabelo pelas minhas pernas descobertas, e oi? Me arrepiei toda; e ele percebeu isso, já que deu uma risadinha maliciosa.
- Mas nós não estamos fazendo nada... ainda – a voz dele estava meio falha e saindo quase que num sussurro. Ele beijou meu queixo, desceu um pouco e então me olhou nos olhos – A menos que você não queria, é claro – meu estômago revirou ao ouvir isso.
- Não é 
disso que eu to falando – eu achei o resto de lucidez que me restava e o empurrei, sentando na cama. – Eu quero dizer que estarmos nessa situação é errado. Não é justo com a Sallie, ela não merece isso.
- A Sallie... – ele tinha esquecido dela? – Ela é assunto meu. Você não tem que se preocupar com ela – ele sentou e passou a mão pelos cabelos que já estavam desalinhados.
- Tenho sim. Sabe por quê? Porque a partir do momento que você a trouxe a garota pra casa da sua mãe, que por sinal é onde eu ainda vou morar por um tempo, ela passou a fazer parte da vida de todas nós. Então, sim! Ela é meu ‘assunto’ também – oi? Fiquei nervosa. Levantei da cama e fiquei frente a frente com ele, sendo que eu nem o vi levantando. Como pode uma pessoa ser 
irritantemente desejável há cinco minutos atrás e agora ser irritantemente irritante? – E passei a ter que me preocupar com ela, desde quando ela me perguntou se existia alguma coisa entre nós e eu disse que não.
- E por que você disse isso? Por que você não disse que nós...
- Primeiro que se alguém fosse contar alguma coisa, esse alguém seria você: 
namorado dela! E você queria que eu dissesse o quê? Que nós o quê, ahn? Que quando você vem pra casa da tua mãe a gente se agarra escondido? Ou que sempre entre uma briga a gente acaba se beijando e depois voltamos a brigar? Era isso que você queria que eu dissesse pra sua namorada? Porra Aguiar! A menina gosta mesmo de você e você não dá a mínima!
- E você dá né? – ele riu sarcástico. – Eu percebi como você pensou nos sentimentos da sua nova amiguinha enquanto me beijava – ele começou a ficar vermelho enquanto falava. Eu peguei a primeira coisa que vi pela frente [que no fim das contas era um pé do tênis dele] e joguei pra extravasar minha raiva, e acabei acertando bem a testa do retardado – Sua maluca! É isso que você é: DOIDA!
- Sai daqui! Sai daqui agora Aguiar! Eu não acredito que eu beijei você, que eu quase... SOME DAQUI – meus olhos estavam ardendo de raiva, mas eu não choro nunca mais na frente desse ogro, nunca mais. Ele pegou o outro pé do tênis, abriu a porta e falou baixinho:
- Não conta nada pra S.

DESGRAÇADO! FILHO DE UMA PUTA... Não, a mãe dele não merece isso, ela não merece esse filho que tem.
Ok, eu dormi chorando... Me sentindo suja e sozinha. Eu traí a confiança de uma garota tão legal como a Sallie, e tudo isso pra quê? Pra voltar à estaca zero... pela milionésima vez.


****

- Luinha? Docinho? Ta na hora de sair desse quarto. Já fazem 3 dias.
- Hum?
- Acorda, precisamos sair. Lembra? Hoje é dia 28.
- Ah Cath, eu to com sono.
- Vamos Luinha, no hotel você dorme.
- Não quero ir...
- Mas a Mel disse que só iria se você fosse, ela ta com saudade de você.
- A Mel vai? Quem mais vai?
- Chay, Mel, Rodrigo, Nanda, você, eu, ANA, Billy e Arthur.
- E a... E a Sallie?
- Ela só volta pro ano novo. E a mãe da ANA foi buscar a Margarite e depois elas vão pra lá.
- A Mag, já tava com saudade dela.
- Sua ‘saudade’ é a de não precisar cozinhar que eu sei!
- Não divulga Cath.
- Levanta logo e se arruma. Leva a Michelangela Creuza Maria da Silva Sauro Blanco na casa da vizinha – ela riu com o nome recém inventado pra tartaruga - Nós pretendemos almoçar lá no hotel.


****

Eu fiquei praticamente três dias dentro do meu quarto, só saía pra comer ou quando as meninas falavam que o Aguiar tava na casa dele.
E aqui estamos. Um hotel fazenda que fica a mais ou menos 2 horas de distância da casa dos Aguiar. Micael e Sophia não puderam vir, foram visitar os pais dela. Cath e ANA estão cheias de segredinhos, e isso me assusta; essas duas são malucas, fato! A ANA e o Billy estão num grude que chega a dar náuseas. Edward ligou pra Cath, e ela ta se derretendo toda por ele [de novo]. Mel e eu não calamos a boca desde que nos encontramos na sala de jogos do hotel, que saudade eu tava de jogar conversa fora com a namorada do Chay. E bom, o Aguiar e eu nem nos olhamos.

- Mas eu nem quero jogar vôlei!
- Anda logo, escolham os times.
- Eu quero ficar no mesmo time que a minha Nanda.
- Eu não quero ficar no mesmo time que a Cath, ela é péssima.
- Vá à merda Aguiar.
- Tirem dois ou um.
- Mas nós somos nove, vai dar errado.
- Mas eu nem quero jogar vôlei, aloo-oou?
- Mas você vai jogar Lua, fica quieta.
- CALEM A BOCA! – aê ANA, botou ordem na bagunça. – Pra ficar divertido, vamos separar os casais, e o largado pela namorada – aponta pro irmão dela – pode tirar par ou impar com uma encalhada – aponta pra mim e pra Cath – e andem logo.
É 
claro que a Cath que tirou par ou impar com o Aguiar. Times: Cath, eu, Rodrigo, Mel e Billy; contra Arthur, Nanda, Chay e ANA.
Estávamos ganhando de 8 a 5. Mel já tinha tentado afogar o próprio namorado; eu bati no Rodrigo; Nanda travou uma briga com Billy por causa de um suposto ponto que ele roubou; Chay me expulsou do lado deles da piscina, quando quis dar uma ‘voltinha’ por lá; tivemos que separar ANA e Billy de sua sessão de agarramento, lembrando-os que eram de times adversários.

- Tem lugar pra mais uma jogadora? – uma voz enjoada chamou nossa atenção pra fora da piscina. Antes de virar pra ver quem era, pude ver a cara de tarado dos meninos, principalmente o Aguiar.
- Liza? – ANA disse com cara de espanto. Daí eu virei pra ver quem era: pele branca, corpo bem definido, cabelos lisos com cachos nas pontas e extremamente vermelho, os olhos bem verdes e um sorriso 
tímido nos lábios. E hum, o biquíni dela parecia mais de uma criança de 10 anos: minúsculo, e branco [pra ‘ajudar’].
- Que bom que ainda lembram de mim; mas então, posso jogar? – ela disse sorrindo e olhando diretamente pro Aguiar.
- Pode entrar no meu time – o idiota se manifestou todo sorridente.
- Então essa é a famosa filha da Mag? – eu perguntei sussurrando pra Cath.
- É ela. Entendeu por que nós nunca gostamos dela né? – ela sussurrou e fez careta, eu só assenti com a cabeça.


****

- Filme no nosso quarto daqui a meia hora ok? – Cath falava com o resto da galera que ainda estava dentro da piscina. Eu não queria mais ficar ali vendo a tal da Liza se esfregando no Aguiar o tempo todo, e a Cath se ofereceu pra ir comigo.
- Combinado – Mel respondeu rindo quando Nanda caiu: brincando de ‘briga de galo’.

- Luinha, você não quer me contar nada? – Cath pergunta de um jeito doce enquanto secava meu cabelo com o secador.
- Hum, tipo o quê? – ela ta assim desde que acordamos, com esse jeito meigo, como se tivesse medo de me magoar.
- Luinha, olha, a ANA e eu nunca falamos nada pra não te forçar. Mas, amiga, você ta desmoronando diante dos nossos olhos e não conversa com a gente. E conhecendo seu gênio, a gente tem medo de que se perguntarmos acabe por piorar as coisas – ela ainda ta usando a entonação baixa e calma.
- Não to te entendendo Cath, eu to normal, eu to bem – eu sorri sem vontade.
- Não você não ta! Você acha que a gente realmente não percebe o que existe entre você e o Arthur? O jeito que vocês se olham? A cara que você faz quando a Sallie te chama de amiga? Deu pra ver o seu ciúme em vê-lo com a Liza lá na piscina. Luinha, você é minha melhor amiga e eu te amo muito, e tudo que eu menos quero no mundo é te ver sofrendo, e o pior: sofrendo sozinha – ela ainda mantinha o jeito meigo, como se falasse com uma criança. Eu sentei de frente pra ela na cama, e ela percebeu que eu não sabia o que dizer então ela mesma continuou falando – Sabe? AANA sempre fala que o melhor a fazer é deixar que você se sinta a vontade pra conversar com a gente. E no começo eu concordava com isso. MasLuinha, depois da briga que você e o Arthur tiveram ontem, eu não agüentei ouvir você chorando e não fazer nada. Amiga, eu só quero o seu bem, entende isso ta? – ela sorriu de um jeito triste, e me deu um beijo na testa.
- Brigada Cath, eu te amo muito sabia? Você e a doida da ANA são as melhores amigas que alguém pode sonhar em ter [que minhas amigas do Brasil não saibam disso]. Eu meio que sentia vergonha em falar com vocês sobre o Arthur. Chega a ser ridículo o jeito que eu me sinto perto dele, eu me sinto uma verdadeira retardada. Mas enfim, quer saber toda a história?
- Claro que quero, né sua boba? – ela sorriu – É tão bom saber que você confia em mim.
E então eu contei tudo. Desde o primeiro selinho na cozinha há mais de um ano; do beijo no corredor do show no McFly; das incontáveis brigas onde nós acabávamos se beijando; contei tudo o que Sallie havia dito; e finalizei, contando a Cath sobre os melhores momentos da noite de Natal, contei sobre o presente de Nick, sobre os amassos com Arthur, e até a fatídica briga por causa da Sallie.
Cath ouviu tudo em silêncio, me deixando desabafar. Ela é uma ótima amiga, sabia quando acenar a cabeça, quando fazer caras e bocas, eu até consegui rir lembrando de ‘cenas’ com o Aguiar.
Conversamos um pouco mais, ela disse que se eu gostasse mesmo do Arthur, que eu deveria fazer algo a respeito. Mas se eu ainda tivesse dúvidas, eu poderia pensar em dar uma chance pra quem realmente merecia: Nicholas Hoult.


****

- Cara, eu pensei que fôssemos ver um filme, e não esse Gossip Girls aí - Rodrigo disse fazendo careta quando Chuck apareceu na tela da tv.
- Fala mal do Chuck e eu te deixo sem dentes! – eu disse fingindo estar brava – e é Gossip Girl, só UMA, sacou?
- Tanto faz – ele deu de ombros.
- Garotos – Mel, Nanda, ANA, Cath e eu dissemos em coro, e logo caímos na risada.
- Não vai me dizer que você também assiste isso? – Arthur perguntou baixinho pra Liza, mas eu consegui escutar, já que eles estavam sentados no chão ao lado da cama, onde eu estava deitada no colo da Mel.
- Eu? Não. TV não é muito comigo, eu gosto de coisas reais, sabe? – ela disse de um jeito bem... provocante. Vagabunda. Urgh acho melhor eu continuar babando pelos Gossip 
Boys e parar de me preocupar com esses dois.


****

- Luinha? Me faz um favor? – ANA sussurrou pra mim assim que desligou o celular, já que estávamos vendo ‘O Procurado’ e todos estavam concentrados.
- No meio do filme ANA? Cara é o James McAvoy, e você sabe que eu tenho uma queda por ele desde quando eu li e assisti ‘Penelope’.
- Por favor, Luinha? – ela fez bico.
- Ok, que foi?
- Vai lá na recepção pegar uma coisa que eu encomendei?
- Encomenda? O que é?
- Vai lá e pega que depois eu te mostro.
- Ok ok, mas depois eu vou ver o filme de novo, e sozinha viu? – eu disse rindo.
- Ta bem. Vai logo.

Assim que sai do quarto, e encostei a porta, senti alguém cobrindo meus olhos.
- Ok, quem é? - a pessoa não disse nada. – Dá pra parar de gracinha que eu quero terminar de ver o James, digo, o filme – o bendito ser continua calado e sem me soltar. – Já ta me irritando, dá pra me soltar ou ta difícil?
- Ta difícil, você é linda demais pra eu conseguir ficar longe de você – wow, ele sussurrou no meu ouvido e eu me arrepiei todinha.
- Seu... Seu Mané, dá pra tirar a mão dos meus olhos? – cara, eu to gaguejando. Até você ficaria se uma cara estivesse te abraçando por trás, com a mão nos teus olhos e sussurrando que você é linda.
- Surpresa – ele disse sorrindo quando tirou a mão dos meus olhos e me virou de frente pra ele.
- Nick – eu sorri de verdade, e o abracei com força – Seu idiota, eu achei que era algum tarado.
- Eu posso ser se você quiser – e sorriu de um jeito malicioso.
- Ah que medo – eu ri e ele me abraçou de novo.
- É horrível sentir tanta saudade assim de você – ele disse de um jeito como se tivesse sentindo dor.
- Nicholas, você ficou fora por quatro dias! Nem foi tanto tempo assim– fiz as contas na cabeça, e não tinha como ele ter ido aos EUA e voltado tão rápido.
- Erm, não mesmo. Meus pais ficaram por lá, eu resolvi voltar depois que liguei pra você, e as meninas disseram que você tava meio tristinha, daí elas quiseram te fazer uma surpresa – own, ele ta tímido, fofo³ - gostou da surpresa?
- Hum, não – eu disse séria e ele ficou assustado.
- Não. Não mesmo? Olha Luinha, desculpa vir sem avisar, mas é que as meninas acharam...
- Eu to brincando Nick! Ter você aqui é a melhor coisa que eu poderia querer – eu nem terminei de falar e ele sorriu de um jeito tão lindo, o rosto dele se iluminou – Vamos lá na recepção comigo? Tenho que buscar uma coisa pra ANA.
- Luinha? Você é meio lerdinha mesmo né?
- Sou? Por quê?
- O que a ANA te mandou ir buscar sou eu!
- Ah é? – ele tocou minha bochecha com as pontas dos dedos.
- É sim, sua lerda – sorriu todo fofo e me deu um beijo beeem perto da boca. E eu fiquei mole, o poder que esse garoto tinha sobre mim era assustador, fato – Não quer terminar de ver seu James, digo, o filme?
- MEU JAMES! Tinha esquecido dele.
- Nossa, me senti agora, consegui te fazer esquecer o James McAvoy – ele riu e entrelaçou nossas mãos. Não nego que fiquei surpresa por ele saber que o James que eu tava falando, era o McAvoy [garotos não decoram essas coisas].
- Viu como você é chique? – eu ri e o puxei pra dentro do quarto.

Quando entramos no quarto, o Aguiar nos olhou meio assustado, e fixou o olhar na minha mão direita, que ainda estava entrelaçada à do Nick. Todos disseram ‘Oi Nick’ sem olhar muito pra ele, já que eram os minutos cruciais do filme. Liza deu uma bela olhada pro Nick, e sorriu; eu sussurrei ‘
é a filha da empregada dos Aguiar, Liza, chegue perto dela e eu te mato’, ele riu e sentou no chão e me fez sentar entre as pernas dele. Cath e ANA me olharam sorrindo feito duas crianças, eu sorri e movi os lábios dizendo ‘Obrigada’. Minhas amigas são fodas, né?



****

- Então você é a famosa Lua, que a Sra. Aguiar e minha mãe tanto falam – Liza veio falar comigo quando terminou de se agasalhar pra irmos ‘brincar’ na neve – Não tivemos a oportunidade de nos falarmos – claro, você tava ocupada demais tentando dar pro Aguiar lá no quarto, vaca. Eu sorri.
- Pois é eu sou a 
famosa Lua sim. Eu adoro a sua mãe – ela revirou os olhos de um jeito que me fez ter vontade de dar um soco na cara dela. – Mas então, você veio só passar uns dias?
- Não, eu vou morar com a minha mãe agora, querida – ela sorriu e tocou meu ombro – Ou seja, vamos morar na mesma casa.
- Ah que maravilha – meu estômago até revirou.
- Aquele garoto é seu namorado? – ela apontou pro Nick, que descia as escadas rindo com Billy e Cath – Ele é lindo, se posso dizer.
- É, eu sei que ele é lindo mesmo. E não, ele não é meu namorado – ela sorriu abertamente – ainda, não é meu namorado 
ainda.
- Como vamos morar na mesma casa, acho que seremos amigas; então eu posso perguntar uma coisa: é verdade que o Arthur ta namorando uma garota super sonsa? – quem ela pensa que é pra falar assim de alguém que ela nem conhece? Se o Nick não tivesse chego e me abraçado de lado, eu acho que teria dado um murro na cara dela.
- Bom, a Sallie é um amor de pessoa. Todos a adoram. O Aguiar achou uma garota de ouro – eu sorri cínica. E pude perceber que o Arthur escutou o que eu disse sobre a namorada dele.

- Ela é meio oferecida né? – Nick me disse rindo quando sentamos num balanço duplo um pouco afastado do rinque de patinação onde a galera estava - a tal da Liza.
- Meio? Ela é total oferecida. Mas porque você ta dizendo isso? – eu perguntei sem olhar pra ele, já que estava olhando Nanda, ANA e Cath rindo que nem malucas ao fazerem pose pra Mel tirar uma foto.
- Bom, porque ela veio me cumprimentar, e quase me deu um beijo na boca – eu olhei incrédula pra ele. – Mas eu desviei bem a tempo. E cara, ela nem disfarça que 
quer o Arthur – eu revirei os olhos – Luinha, você não se importa que eu fale esse tipo de coisa sobre ele né?
- Por que eu me importaria, Nick?
- Hum, eu sei o que você sente por ele – ele deu um sorriso triste – e por mais que eu me consuma de ciúme e inveja dele, eu não quero ser um chato sabe?
- Ciúme? Inveja? Do Aguiar? – eu sorri pra ele – Nick, eu não nego que senti alguma coisa por ele, mas cara, ta bem óbvio que nós nunca vamos ficar juntos. Isso, 
ele é passado. E outra coisa, ele tem namorada e eu gosto muito dela, e não é por causa do Aguiar que eu vou quebrar a cara da Liza.
- Não é? Vai quebrar a cara da Liza por quem? – ele sorriu e entrelaçou os dedos no meu cabelo, a outra mão estava na minha cintura, mesmo sentados, estávamos bem perto um do outro.
- Hum – eu mordi o lábio e ele respirou fundo – Da próxima vez que ela se aproximar de você, eu juro que arrebento essa ruiva de farmácia [n/a: piada interna, né Amora? xD] – ele fez bico e deu uma risadinha.
- Se você ficar comigo o tempo todo, que é o que eu mais quero, ela não vai ter como se aproximar – ele sussurrou e eu senti os lábios dele roçando nos meus.
- Promete? – eu também sussurrei fechando os olhos.
- Prometo.
Ele me deu um selinho. Eu respirei fundo, Nick enxergou isso como um ‘vá em frente’, então mordeu de leve meu lábio inferior, e eu sorri. Ou selinho, mais um mordidinha, outro selinho... Ele fez isso várias vezes, até eu não agüentar mais e grudar nossas bocas pra valer. Ele riu contra meus lábios e passou a língua para que eu desse ‘passagem’ a ele.
Do nada, o frio cortante de Londres sumiu; eu fiquei quente e confortável. Algo me dizia que era ali que eu devia estar. Nos braços do Nick, sentindo a língua dele encontrar a harmonia perfeita com a minha, sentindo a mão dele entre meus cabelos, sentindo a outra mão bem firme em minha cintura me puxando contra si, as minhas mãos em seu rosto e peito. Eu me senti bem. Sem aquela sensação de que alguém poderia chegar e estragar tudo, como sempre acontecia com Arthur.
Nick era fofo, carinhoso, atencioso, engraçado e o melhor de tudo: ele não escondia que gostava de mim.
Findamos o beijo com vários selinhos. Ele encostou a testa na minha, enquanto normalizávamos as respirações.
- Você não tem idéia de como eu queria e esperei por isso – ele disse baixinho, os perfeitos olhos azuis brilhando pra mim e um sorriso feliz estampado no rosto.
- Você é de verdade mesmo Hoult? - eu ri e ele me deu um selinho demorado.
- Ainda não provei que sou de verdade é? Posso tentar provar pelo resto da vida – quando ele se aproximou pra me beijar de novo, uma bola de neve nos atingiu bem no rosto.
- MAS QUE MERDA – eu gritei levantando do balanço – QUEM FOI O PANACA?
- Não fomos nós! – Mel, ANA, Cath e Nanda disseram, enquanto Liza me olhava rindo.
- Eu tenho cara de palhaça por acaso Liza? – ah que se foda, eu fiquei nervosa mesmo.
- Na verdade, tem sim – ela riu de um jeito maligno e Nick me segurou pela mão.
- Relaxa Luinha, ela é só uma mal amada, não estressa – ele disse baixo ao segurar meu rosto com as mãos.
- Uma mal comida, isso sim – eu disse emburrada, e ele riu.



****

[N/A: eu aconselho irem colocando pra carregar: 
Paramore – Decoy]

- Aquele ali é bonitinho.
- Não, ele tem cara de nerd. Aquele mais loirinho é melhor.
- Pra Cath tem que ser um bem branquinho, cabelo castanho, olhos verdes e cara de coitadinho – eu disse e Cath revirou os olhos. - Gente se eu cair, vai ser o maior mico do ano – eu disse rindo ao entrar no rinque de patinação.
- Coloque os patins né Lua, cabeçuda? – ANA patinava como se fizesse isso o tempo todo, metida.
- Se de tênis eu já to caindo que é uma beleza, imagine de patins? – eu andava sem tirar os pés do chão, os arrastando, uma cena bem engraçada – Vem aqui Mel, me dá a mão.
- Mas voltando à caça pra Cath – ANA veio e segurou minha outra mão – Como ele tem que ser Luinha? Você tava descrevendo.
- Basicamente? – todas as meninas me olharam – o Edward.
- O Edward dela, ou o Cullen? – Nanda disse rindo.
- O dela é claro, se o Cullen existisse você acha que ele ia querer a Cath? – ANA disse como se fosse óbvio, nós rimos e Cath deu-lhe um pedala.
- Se ele existisse, ele logicamente ia querer alguém como 
eu – eu disse com cara de exibida. As meninas riram – Mas agora é sério, qual dos meninos dali você achou mais bonitinho Cathzinha? – e apontei pra um grupinho de garotos que estavam perto de uma bonita fogueira que os funcionários do hotel haviam feito.
- Hum, aquele de cabelo castanho... – ela analisou e nós olhamos.
- Viu só? Ele parece o Edward! – eu fiz cara de inteligente.
- Meninas, escutem a música que ta tocando – Mel fez sinal pra calarmos a boca.
- Não to ouvindo nada.
- Se você ficar quieta, você escuta Luinha.
Daí as caixas de som do rinque começaram a funcionar, e nós cinco nos olhamos e rimos, cantando junto [leia: gritando] fazendo todo mundo, sendo a grande maioria garotos, olharam pra gente.

[N/A: coloquem a música pra tocar. Eu coloquei só uns trechos da letra ok?]

Close your eyes and make believe
[Feche seus olhos e faça acreditar]
This is where you want to be
[Que é aqui que você gostaria de estar]
Forgetting all the memories
[Esquecendo todas as lembranças]
Try to forget love cause love's forgotten me
[Tento esquecer o amor, porque o amor me esqueceu]

Elas patinavam ao meu redor, e eu fazia dancinhas meio estáticas com medo de cair. De longe eu vi Nick descendo as escadarias que levavam até a área de lazer que estávamos, ele parou junto dos McGuys pra olhar para as cinco malucas cantando.

Well hey, hey baby, it's never too late
[Bom, ei, ei baby, Nunca é tarde demais]
Pretty soon you won't remember a thing
[Logo você não vai lembrar de nada]
And I'll be distant as stars reminiscing
[E eu estarei distante, assim como as estrelas relembrando]
Your heart's been wasted on me
[Que seu coração estava sendo desperdiçado em mim]

Nós mais ríamos do que cantávamos. Eu me sentindo a própria Hayley Williams, e as meninas se exibindo ao patinar. Dava pra ver que o Aguiar ria de alguma coisa, e os outros meninos olhavam meio desconfiados.

You've never been so used
[Você nunca foi tão usado]
As I'm using you, abusing you
[Como estou estou te usando, abusando você]
My little decoy
[Meu pequeno passatempo]
Don't look so blue,
[Não fique tão triste]
You should've seen right through
[Você deveria ter visto de cara]
I'm using you, my little decoy
[Estou te usando, meu pequeno passatempo]
My little decoy
[Meu pequeno passatempo]
Eu cantei essa parte com tamanha empolgação, que até as meninas riram.
Olhei pra onde os meninos estavam, e vi que tinha alguma coisa de errado. Nick e Arthur muito perto um do outro; Nick estava meio vermelho e oAguiar ainda ria e falava alguma coisa com um jeito debochado.

I'm not sorry at all
[Eu não me arrependo nem um pouco]
No, no (Not sorry, oh, not sorry)
[Não, não (não me arrependo nem um pouco, não me arrependo, não)]
I won't be sorry at all
[Eu não vou me arrepender nem um pouco]
No, no (Not sorry, oh, not sorry)
[ Não não (não me arrependo nem um pouco, não me arrependo, não)]
I'd do it over again
[Eu faria tudo de novo]

Eu nem cantava mais, fiquei preocupada com os meninos. Consegui ver o Chay puxar o Aguiar pra trás, daí eu fiquei nervosa.
- Cath, vem cá! Me ajuda a sair – eu tentava andar sem escorregar no gelo – ANDA LOGO CARAMBA.
- Que foi Luinha? – ANA e Cath chegam juntas e me ajudam a sair do rinque.
- Não sei, mas tem alguma coisa rolando com os meninos - e apontei pra onde eles estavam. E elas se assustaram também: Nick estava saindo quando o Aguiar o puxou com força.
- Chamem as meninas e venham logo – eu disse rápido assim que pisei em terra firme. E subi correndo um pequeno morro coberto de neve.
- VAI FUGIR É? FICOU NERVOSINHO, MAS NÃO SABE BRIGAR, É ISSO? – Aguiar gritava enquanto Rodrigo tentava falar com ele.
- EU JÁ DISSE QUE NÃO VOU BRIGAR COM VOCÊ – ah meu Deus, pro Nick estar assim, o negócio tava feio. – NÃO VALE A PENA.
- NÃO VALE A PENA? SÓ PORQUE EU DISSE A VERDADE? – o Aguiar falava alto de um jeito sarcástico.
- Vai se fuder cara – Nick disse virando as costas. – Isso pra mim é ciúme.
Daí tudo aconteceu muito rápido. Quando Arthur percebeu o que o Nick tinha dito, ele ficou muito vermelho, se soltou do Rodrigo, puxou o Nick e deu um soco no rosto dele. Eu estava bem perto quando isso aconteceu. Nick se recuperou rápido, e revidou outro soco no Aguiar.
- PAREM JÁ COM ISSO – eu tentei chegar mais perto, mas os dois estavam brigando muito feio, fiquei com medo – FAÇAM ALGUMA COISA VOCÊS DOIS – Rodrigo e Chay conseguiram separá-los, eles se debatiam tentando ir pra cima do outro. Eu me coloquei entre eles e gritei bem brava – SE VOCÊS QUESIREM ME MACHUCAR, VÃO EM FRENTE, CONTINUEM COM ESSA CENA RIDÍCULA – os dois pararam no exato momento – Nick vem comigo.
Chay o soltou, e ele me deu a mão e subimos.
Dava pra ouvir os gritos de ANA com o irmão, o resto das meninas brigando com os meninos por não terem impedido, e Liza dizendo que Arthur tinha que fazer um curativo.

- O que deu um você? Pirou de vez é Hoult? – eu disse muito nervosa enquanto o fazia sentar na enfermaria. O nariz dele sangrava, e tinha um pequeno corte na bochecha.
- Luinha, aquele cara é pirado. Você sabe que eu não sou de brigar, mas ele provocou – ele falava devagar, tentando ver em meus olhos se eu estava com raiva dele.
- O que ele fez de tão grave pra você agir desse jeito? Você não é assim Nicholas – me sentei ao seu lado, continuei séria. Ele abaixou a cabeça, e suspirou.
- É ridículo. Eu sei que é. Mas ele conseguiu me irritar – eu segurei seu rosto e comecei a limpar o sangue que saía do nariz enquanto a enfermeira não chegava – Vocês estavam cantando, e ele mandou os caras prestarem atenção na letra da música. Ele tava rindo todo sarcástico. Daí ele virou pra mim e disse ‘
percebeu que ela ta cantando isso pra você né? Você é e sempre será só um pequeno passatempo na vida da adorável LuaBlanco’. Luinha, ele disse isso rindo, na minha cara. Eu saí andando, e ele não gostou disso, Chay e Rodrigo tentaram evitar, mas esse Aguiar ele é pirado, e o pior de tudo, ele é doido por você – Nick disse a última frase com tamanho ódio, que os olhos dele ganharam uma tonalidade de azul bem escuro. – Daí o resto você viu.
- Nick – eu respirei fundo. Que história é essa cara? Olhei bem pra ele, ainda segurando seu rosto – Ok, eu entendi que ele provocou, mas era isso que ele queria, que você caísse nas brincadeirinhas dele. Ele é assim.
- Eu não sou obrigado a ouvi-lo falando daquele jeito debochado, dando a entender que eu não sou nada na sua vida, e que 
ele é – ele ainda falava baixo e com raiva. Eu mordi meu lábio sem saber o que dizer, e pra minha sorte a enfermeira chegou.


****

- E aí Luinha, como ele ta? – ANA me perguntou assim que cheguei ao rinque, horas mais tarde, depois de convencer Nick a dormir um pouco.
- O corte na bochecha não foi fundo, mas ta bastante roxo. O nariz dolorido, nada demais – eu sentei ao lado da Cath num enorme banco ao lado do gelo onde elas ainda estavam. – Agora ele dormiu, ainda bem. Daí ele se acalma um pouco.
- Gente eu fiquei passada com aquela cena de ‘Macho Man’ dos dois – Mel fazia caras e bocas ao falar. – Que ódio todo era aquele meu Jesus?
- Eu entrei em choque quando vi – ANA comentou – Meu irmão não é um santo, mas eu nunca o vi brigar 
assim com ninguém antes.
- Gente, acho que ta bem óbvio o motivo da briga né? – Nanda falou me olhando de um jeito maternal.
- Que foi? Por que você ta me olhando?
- Luinha, ta na cara que era ciúme do Arthur por você. Ele não agüentou ver que te perdeu de vez. Amiga, não precisa disfarçar, a Liza – todas fazem caretas quando Nanda fala o tal nome - não ta aqui, não precisamos fingir que toda essa briga não foi por você.
- Olha a Luinha, poderosa. Dois gatos brigando por ela – Cath disse e todas riram.
- Brigando por mim nada! O Aguiar provocou, o Nick foi besta de cair no jogo dele, só isso. E gente, alô? Tão esquecendo da Sallie é? – eu ri nervosa.
- Lua querida, você realmente acha que se você dissesse pro meu irmão que quer ficar com ele de verdade, ainda teria Sallie na jogada? – ANA disse séria.
- Gente, que isso? Quem disse que eu quero ficar com o Aguiar? – já tava morrendo de vergonha a esse ponto.
- Ok Luinha, deixa pra lá, não vamos discutir o eterno rolo entre Lua Blanco e Arthur Aguiar agora – Mel se deu por vencida. Ainda bem.


****

- Eu realmente não sei o que eles vêem em você – Liza aparece no corredor quando eu ia ver se tava tudo ok com o Nick.
- Quê? Do que você ta falando?
- O Aguiar tem atração por garotas sonsas, só pode ser – ela disse debochada.
- Garota, qual é o teu problema?
- Você. Você e a tal de Sallie são meu problema – ela se aproximou de mim com as mãos na cintura. – Até o jeito que vocês saem em fotos me irrita.
- Fotos? Que fotos? Onde você nos viu?
- Já ouviu falar em ‘estudar o inimigo’? – ela sorriu felina. – MySpace meu bem.
- E porque você acha que eu sou sua inimiga? Ok, você quer o Aguiar, então ao seu ponto de vista a Sallie é um empecilho, mas se você não percebeu ainda, eu não sou nada do seu amado Arthur – eu sorri sarcástica. Que garota maluca.
- Além de tudo é cínica. A briga de hoje não te diz nada? Você realmente acha que eu acredito que vocês não têm nada, depois de ver a ceninha de dois gatos como eles por você? Olha aqui garota, eu sempre consigo o que quero. Eu te digo: eu quero e terei o Arthur, e não vai você nem a idiota da namoradinha aguada dele que vão me impedir – ela falou séria e apontou o dedo pra mim.
- Vá em frente, tente a sorte, queridinha – eu sorri e dei as costas a ela.


****

- Feliz com o que o viado do seu namorado fez no meu rosto? – o Aguiar aparece na porta do quarto dele [que por sinal era ao lado do meu e da Cath] e aponta pro curativo na testa.
- Ah não, só pode ser carma – eu suspirei e continuei andando.
- Você deve ter adorado né? Ver dois caras brigando por sua causa – ele parou na minha frente me impedindo de chegar a porta do meu quarto.
- Por minha causa é? O Nick tudo bem, ele é meu... – o que ele é meu? – Bom, o Nick gosta de mim. Mas e você? O que ganhou brigando com ele além de um machucado na testa e um corte na boca?
- Ahn, você repara bastante na minha bica né? Já até viu o corte – ele sorriu malicioso.
- Sai de perto de mim. Vai lá no quarto da Liza, vai – tentei passar por ele, mas ele ficou na frente de novo.
- Ciúme da Liza é? Ela é bem gostosa né? – cara, ele não é assim, ele fica desse jeito só pra ver com raiva.
- É, muuuuito gostosa. Vai lá comer a gostosona vai. Mas só não se esqueça que a coitada da Sallie te ama viu? – ahá! Ele ficou sem graça quando ouviu o nome da Sallie. Desisti de ir pro meu quarto, e virei na direção oposta ao Aguiar.
- Aonde você vai?
- Ver o Nick, por quê? – falei sem virar pra olhá-lo.
- Não vai não – ele disse rápido, e me prensou contra a parede. – Por que você faz isso? – ele disse baixo, segurando meus pulsos contra a parede. – Me provoca, me faz sair na porrada com um cara, me lembra de uma garota, me manda comer outra garota... Tudo isso poderia ser evitado e você sabe.
- Poderia é? Ah claro que poderia, se você fosse homem o suficiente e ficar com uma garota só. Tipo, pra que fazer isso com a Sallie? Quer ficar com todas que passam pela frente? Que fique. Mas então termine com ela primeiro – assim bem de perto, deu pra ver que o corte na boca dele tava bem feio, devia estar doendo.
- Porra Lua, pára de falar na Sallie, e na Liza, e em todas as outras garotas do mundo – a voz dele saía em sussurros involuntários. - Eu to falando de você, de nós dois.
- Não existe mais ‘nós dois’, Aguiar. Tivemos inúmeras chances pra que isso acontecesse, mas o que você fazia? Arranjava um jeito de estragar tudo. E agora é tarde demais, tem muita gente envolvida. Se você não se importa com os outros, eu me importo – eu disse bem baixinho, demonstrando toda a frustração que eu tinha guardada. – Me dá licença, preciso ver se o Nick precisa de alguma coisa.
- Você que tá estragando tudo, não percebe? – ele me soltou, e passou a mão pelos cabelos. – A gente ainda pode dar certo.
- Você só ta falando isso agora, porque eu tenho o Nick. Porque sabe que perdeu ‘o jogo’. Só por isso – eu sorri de um jeito triste e ele olhou pra baixo. – Mas Aguiar? De verdade, não machuca a Sallie, ela é muito legal, sabe?
- É, eu sei – ele disse tristonho. – E Blanco? Quando você perceber que ta dando as costas pra algo que poderia dar certo, pode ser tarde demais – então entrou no quarto dele.


Capítulo Quinze: “Ano novo, novo ano”

[N/A: Florzinhas! Decidi escrever em primeira pessoa mais uma vez. Mas logo logo eu volto pra terceira, tudo bem? E ah, coloquem pra carregar:
Adele – Hometown Glory]

- Por que branco?
- Porque é ano novo.
- Tudo bem, mas por que branco?
- Cath, pára de me fazer essa pergunta. Vai perguntar pra Luinha.
- Mas ANA, se eu perguntar qualquer coisa pra Luinha agora, ela vai me responder com a primeira frase que ela ler no Flickr, quer ver?
- Vai lá.
- Luinha? – Cath sentou na cadeira ao meu lado, e eu continuei olhando pra tela do 
meu notebook. É, agora eu tenho um, não uso mais o doAguiar. – Por que a gente usa branco no ano novo?
- Porque o anjo usa Prada – eu respondi ainda olhando pra foto que estava na tela, confesso que segurei a risada.
- Viu, ANA? Não te disse? – Cath comemorou a confirmação da teoria.
- Cath deixa de ser idiota, ela fez de propósito – ANA veio rindo e me deu um tapa da testa. – Lua, como você é má, fica enrolando a menina.
- Cara, a Cath é muito boba – eu comecei a rir do bico que Catherine fez. – Mas fala sério, a frase que eu li até se encaixou na história: O anjo veste Prada. Anjo, branco, ano novo... Sacaram?
- Mas não é ‘O Diabo Veste Prada’? – Cath fez cara de confusa.
- Catherine eu acho que to começando a concordar com a ANA na teoria de que você só funciona a base de pancada – eu ri e dei um tapa na cabeça dela.
- Cath, antinha do meu coração – ANA fez uma voz terna e calma –, olha pra foto que a Luinha tava vendo. Viu? Taí a piada, a menina da foto tá toda de branco, e com uma bolsa Prada.
- Aaaah, 
agora eu entendi – Cath sorriu como se tivesse feito uma descoberta científica. – Mas eu volto na pergunta: por que usar branco?
- Ah Cath, é meio que simbolizando os desejos pro ano que vai chegar, sabe? O branco representa a paz, e se tivermos paz, tudo se ajeita depois: amor, esperança, dinheiro... Entendeu? – eu respondi sem emoção.
- Quem é você e o que você fez com a nossa Lua Blanco? – ANA disse rindo – Você não era inteligente assim.
- Vá à merda, babaca – eu ri e mostrei língua. – Mas então, Cath, no Brasil as pessoas adoram passar a virada de ano na praia, então nem todo mundo fica todo de branco, o povo mistura o tradicional com cores mais praianas sabe? Eu mesma raramente uso branco.
- Ah, aqui na Inglaterra é meio impossível ficar de branco na hora da virada: casacos enormes pra agüentar o frio de dezembro. Mas depois, quando vamos pras festas, a galera meio que respeita a tradição do branco – ANA disse e sentou no meu colo pra mexer no computador.
- Vocês já escolheram o que vão usar? – eu perguntei quando lembrei que a festa aqui no hotel vai ser com o tema ‘Hawaii’, e o salão tem o teto todo de vidro, daí nós vamos conseguir ver todos os fogos e sem sair pros -2ºC que tá lá fora.
- Eu vou usar uma batinha branca e shortinho rosa claro – Cath aprontou pra mala, onde as roupas já estavam separadas.
- Eu decidi por aquela saia branca bem curtinha que eu comprei semana passada e a blusinha vermelha que a Cath ganhou de Natal da tia dela –ANA disse rindo ao ver a cara de indignada de Catherine. – E você Luinha?
- Hum, como eu disse, eu não sou fã se seguir ‘o fluxo’ [n/a: isso me lembra de ‘Fluxo de idiotas’ – piada interna com a Amora] então eu vou de vestidinho floral verde e laranja, e All Star branco – o vestido é bem curto e rodado: a cara do Brasil, minha mãe mandou de Natal – e um top branco, porque o vestido é soltinho, e as alças ficam caindo.
- Uuh, é hoje que o Nick morre do coração – ANA disse rindo.
- Ou de frustração sexual se não conseguir nada – Cath gargalhou ao terminar a frase.
- CATHERINE! – eu senti que corei. – Então ele vai morrer mesmo, porque não vai acontecer nada desse tipo.
- E por que não, Luinha? – eu mato a ANA e essa mania de fazer perguntas idiotas.
- Porque nós estamos ficando de verdade há 3 dias e eu não acho que seja tempo suficiente pra já ‘avançar’ assim – eu respondi tentando fingir indiferença.
- Ou será por que não é com ele que você quer que seja a sua primeira vez? – Cath sorriu de um jeito malicioso, e aquilo me irritou um pouco.
- Cara, eu to começando a me arrepender de ter contado pra vocês sobre o Arthur e eu – ah é, eu contei tudo pra ANA na noite da briga dos garotos. – Vocês sabem que não temos mais nada, mas mesmo assim ficam fazendo esse tipo de piadinha.
- Ah amiga, desculpa, sério. Mas é que é tão óbvio que você gosta dele, não que você não goste do Nick, mas a gente consegue ver que pelo meu irmão você sente algo mais forte – ANA sorriu de um jeito melancólico. – E eu o conheço também, e sei que ele gosta de você.
- Gente, eu não vou falar sobre isso. E outra, ele namora a Sallie, aceita as investidas da Liza e gosta de mim? – eu disse de um jeito irônico. – Esquisito né?
- Ok, não vamos discutir por isso – Cath acabou com o clima estranho que tava pairando no quarto. – Vamos falar mal da Liza, o que acham?
- Boa idéia! – ANA sorriu e deu um pulinho, e foi ai que eu percebi que ela ainda tava no meu colo; aproveitei e dei um beliscão na bunda dela. – AiLua, como você é má!
- Sai daqui, sua gorda – eu ri tentando esquecer o assunto anterior. – Mas então, falando sobre a Liza, eu tenho que admitir uma coisa: ela é direta e firme no que quer. Enquanto a gente faz o tipo ‘venha e me conquiste’, ela é do tipo ‘oi gato, te quero, o que me diz?’ – eu falei de um jeito de mulher fatal e fiz as meninas rirem.
- Sabe o que eu percebi também? – ANA saiu do meu colo e sentou na cama – Ela não é tão odiosa quando tá perto da minha mãe ou da mãe dela.
- Pois eu digo mais, ela é até legal quando o seu irmão não tá por perto – assim que eu acabei de falar, as duas me olharam assustadas. – Que foi? É sério. Esse tempo que os meninos estão passando no salão de esportes, ela foi até simpática comigo.
- Tá brincando né? – Cath ainda me olhava incrédula. – Ela é legal, ok. Mas simpática com você? Sendo que ela sabe que o que impede que o Arthur fique com ela é você? Porque, gente, vamos lá, a coitada da Sallie não faz diferença nenhuma pro Arthur.
- Tadinha da Sallie, não merece o que meu irmão faz com ela – ANA fez uma careta ao falar. – Mas assim, eu não o culpo totalmente, sabia?
- Ah é? Por que não?
- Porque, Luinha, ele viu na Sallie um jeito de te fazer ciúme. E de te mostrar que se você tinha um Nick, ele podia ter uma Sallie.
- ANA, eu não consigo levar a sério essa história dele gostar de mim – eu mal terminei de falar e alguém bateu na porta.
- Meninas? Acho melhor vocês começarem a se arrumar – Sra. Aguiar disse sorrindo. – Luinha e Cath, já ligaram pros seus pais? Porque pode acontecer de vocês não conseguirem ligar na hora da virada.
- Eu falei com eles pela web – eu mostrei o computador.
- E eu já liguei pro meu pai, e vou tentar ligar pra minha mãe de novo. Acho que ela tá em Roma, não sei – Cath agora adorava o fato de a mãe morar na Itália, segundo ela era tão ‘glamour’.


****

- Wow, arrasaram meninas! – Nanda disse sorrindo quando nos encontramos no corredor. – Estão lindas.
- Brigada amor, mas cara, vocês duas também estão demais, hein? – Cath fez Nanda e Mel darem uma voltinha, para vermos as roupas delas: Nanda escolheu um vestido branco, soltinho bem leve e sandália roxa alta; já Mel estava de saia florida rodada em vários tons de azul, e uma blusa bem decotada branca.
- E como sempre, a do contra – Mel riu e mordeu minha bochecha. – Lua, é ano novo, você tinha que usar branco!
- Mas eu tô de branco, não viu meu Allstar? – eu disse indignada e levantei a perna mostrando o tênis.
- Belas pernas – Nick disse e eu abaixei a perna no mesmo momento, fazendo as meninas rirem.
- Bom meninas, a Lua já achou o homem dela, vamos procurar os nossos – Nanda disse e nós rimos. Quando Cath passou por mim, sussurrou:
- Se fosse o Arthur falando das suas pernas, você teria corado na hora, mas com o Nick você nem liga – sorriu e seguiu as meninas, sem me dar chance de responder.
- Então minha linda, preciso confessar que essa sua mania de ser diferente é o máximo – Nick sorriu de um jeito meio tarado e me olhou dos pés á cabeça.
- Ok, você é idiota – eu ri e dei um tapa no braço dele, que segurou minha mão rindo e me encostou na parede.
- E você é perfeita – ele sussurrou bem perto da minha boca. Eu já estava pronta pra fechar os olhos, quando uma porta foi fechada com força me fazendo olhar de onde vinha o barulho.
- Desculpe atrapalhar – Arthur disse sério ao passar na nossa frente.
- Ele gosta de você – Nick disse segurando meu rosto com as duas mãos.
- Não, ele não gosta – eu respondi sem sorrir.
- Ele gosta de você – Nick dava um sorriso sem humor algum e me olhava nos olhos.
- Pra ele isso, ou melhor, 
eu sou só um jogo – ok, me senti a própria Rory Gilmore, mas isso a gente releva.
- Ele gosta de você, e por mais que eu te ame, eu sei que você ainda sente alguma coisa por ele – eu parei de respirar, sério. Eu fiquei hipnotizada pelos olhos azuis do Nick, e minha respiração parou, e acho que ela levou meus batimentos cardíacos junto com ela.
- Você... Você disse que... Que você me... – e parece que a minha habilidade de formar frases se foi também.
- Eu te assustei, desculpa Luinha, eu sei que é cedo pra te falar isso – ah meu Deus, eu desesperei o menino. – Mas cara, é o que eu sinto. E eu não quero que você se sinta obrigada a dizer o mesmo, tá bem?
- Aham – foi tudo o que saiu da minha boca. Ah cara, não me culpem, eu entrei em choque.
- Luinha, amor não fica assim – Nick riu e beijou minha testa. – Eu não pretendia te dizer assim, eu sei que você se assustou. Eu nunca vou te forçar a fazer nem dizer nada – daí ele me abraçou bem forte, me fazendo relaxar um pouco e aproveitar o conforto e segurança que os braços dele me traziam.


****

- Cara, é esquisito tomar um porre perto da minha mãe – Arthur disse e nós rimos. – É sério. Ela ficar sabendo que eu saí bêbado de uma festa através das revistas, é uma coisa, mas ela estar aqui me vendo beber... é estranho.
- Mas você já foi a festas com ela antes – uma Cath já bem alegrinha disse.
- Eu sei, mas vocês não estão entendendo! É ano novo, eu queria encher a cara mesmo – ele fez cara de desespero e nós rimos de novo.
Já eram 23:00h, a festa estava lotada, a musica era agradável. Mel e Chay estavam dançando, ANA e Billy estavam se agarrando em algum corredor, Sra. Aguiar e Margarite estavam sentadas à mesa com mais algumas senhoras, e o resto de nós [Nanda, Rodrigo, eu, Nick, Cath, Liza eArthur] estávamos perto do bar conversando. Até que estávamos nos saindo bem, digo Nick, Arthur e eu.
- Se eu bem conheço a sua mãe, assim que passar a virada do ano, ela já vai dormir – eu disse pro Arthur, ele pareceu surpreso com isso, e eu sorri.
- Tomara que você esteja certa – ele sorriu pra mim. – Eu tô me sentindo um alcoólatra.
- Você tá parecendo um – Nanda comentou rindo, nos fazendo rir também.
- Hey, que foi? – eu disse só pro Nick ouvir, me aproximando dele. – Tá tão quietinho.
- Não é nada – ele sorriu de lado. – Linda, é sério.
- Nicholas Hoult, me fala agora o seu problema – me fingi de brava e consegui um sorrisinho dele.
- Seu sorriso.
- Meu sorriso é seu problema?
- O seu sorriso pro Arthur é meu problema.
- Quê?
- O jeito que você sorri pra ele é encantador, você consegue ficar mais bonita ainda.
- Você é um paranóico, sabia disso?
- Eu sou realista, só isso.
- Eu não entendo por que você ainda quer ficar comigo sendo que você mesmo coloca esse tipo de idéia na minha cabeça.
- Eu tenho esperanças, só isso.
- Esperanças?
- De que um dia você goste mais de mim do que dele.
- Nick...
- Luinha, relaxa – ele me deu um selinho e tomou um longo gole da bebida esquisita que tinha em seu copo. Resolvi deixar pra lá, afinal, ele já estava ‘alto’. Assim que virei pra conversar com a galera, percebi que o Arthur estava olhando pra mim, ele não desviou o olhar, somente sorriu sem mostrar os dentes e virou o rosto pra prestar atenção ao que a Liza falava.


Cinqüenta minutos depois... 

- Lua? – nossa, meu coração até disparou quando ouvir o Aguiar me chamar pelo primeiro nome; olhei pra ele em sinal de que estava ouvindo. - Posso falar com você?
- Faltam uns 5 minutos pra contagem regressiva – não era desculpa, era verdade.
- Eu juro que é rápido – ele olhou pra onde o Nick estava com Billy. – Vem comigo.
- Pronto, pode falar – eu disse assim que paramos num corredor afastado do salão, estava até silencioso. Preciso comentar que parece que tá rolando um desfile de escola de samba dentro da minha barriga?
- Eu só queria que começássemos esse novo ano de um jeito diferente – ok Lua, não seja mente poluída, lembra do Nick e da Sallie. – Eu demorei pra sacar, mas finalmente eu entendi que nós não fomos feitos um pro outro – Arthur fez aspas com os dedos ao falar isso –; eu também sei que eu estraguei tudo inúmeras vezes por coisas bobas e fúteis; e, de verdade, eu queria que você me desculpasse por isso, porque você é uma garota incrível, inteligente, engraçada – ele parou um pouco, e sorriu sem vontade, por ver que eu estava sem fala. - Ok, isso tá parecendo uma declaração de amor. O que eu quero dizer é que eu percebi, ou melhor, aceitei o fato de que você é boa demais pra mim – eu arregalei os olhos, eArthur acenou com a cabeça. – É sim, você é boa demais pra qualquer cara. Mas principalmente pra mim, eu não te mereço. E parece que o Hoult tá fazendo por onde ser o cara certo pra você. Eu não quero atrapalhar, eu juro.
- Olha, Arthur... – de onde eu tirei forças pra falar eu não sei, mas ele me interrompeu.
- Não, hoje eu falo e você escuta. Porque se você disser qualquer coisa, eu tenho medo de desistir de falar e estragar tudo de novo – ele respirou fundo. – O que eu tô tentando dizer é que... eu quero ser seu amigo. Chega de brigas e sofrimentos depois de uma sessão de agarramento – ele deu um meio sorriso e eu não pude evitar sorrir também, mesmo sendo um sorriso melancólico. – E queria te informar que eu decidi ser um bom namorado pra Sallie, sem mais puladas de cerca.
- Eu... Eu fico feliz em ouvir isso Arthur – engole o choro Lua, engole. – E, bom, esses dias eu tava pensando, e percebi que nós nem nos conhecemos direito, sabe? Essa coisa de sermos amigos pode dar certo... Eu acho.
- Podemos pelo menos tentar, certo?
- Certo – minha voz saiu meio tremida, e minha respiração falhou quando ele deu um passo á frente e me deu um abraço bem rápido, sussurrando ‘amigos então’.



****

[N/A: coloquem a música pra tocar, mas não liguem pra letra, o que interessa é a melodia ok?]

Cara minha cabeça tá doendo. Ah, não tem um centímetro do meu corpo que não esteja doendo. Não quero nem abrir os olhos. Por sinal, onde é que eu tô? Vamos lá, Lua, abra os olhos. Ah merda. Merda. Merda. Merda.
- Arthur? – eu disse baixinho quando olhei pro lado e o vi saindo da cama, usando só boxer e camiseta.
- Te acordei? Desculpa – ele me olhou de um jeito preocupado passando a mão nos cabelos bagunçados.
Jesus do céu, por favor, me diz que eu to vestida. Olhei pros lençóis e vi que estava com meu vestido verde e laranja. Ufa. Fala alguma coisa garota, ele tá olhando – Erm, Arthur o que eu tô fazendo no seu quarto?
- Tá se sentindo bem? – ele disse me olhando nos olhos. – Você bebeu um pouco ontem e a Catherine não sabia onde tava a chave do quarto de vocês, então eu te trouxe pra cá. Não fiz nada com você inconsciente – a voz dele falhou ao dizer isso, eu não entendi por quê. - E somente a título de curiosidade, eu dormi no sofá, ok? – então ele apontou pro sofá, que estava desarrumado indicando que ele realmente dormira lá.
- Ah tá, tudo bem – ah não me culpem por ainda estar abobalhada. Por que ele tá tão cauteloso assim comigo? – Hum, eu vou pro meu quarto. Preciso arrumar minhas coisas.
- Yeah! Calor, praia e sol nos aguardam! – Arthur levantou os braços em comemoração – É, se quiser conversar, pode me procurar, ok? – não entendi o motivo disso, mas concordei com a cabeça.
- Ok.

- Bom diiiiia. Feliz primeiro dia do ano!
- Luinha, fala baixo – Cath resmungou escondendo a cabeça debaixo do travesseiro quando entrei no quarto. – AH MEU DEUS! Lua!
- Que foi? – do nada a menina pula da cama e começa a gritar, que maluca.
- Você tá bem? O que aconteceu? Tô me sentindo tão culpada por não saber onde a chave estava.
- Catherine, do que você tá falando?
- Você não lembra? O Arthur não falou nada?
- Lembrar do que? Arthur? Falando nisso, por que eu dormi no quarto dele?
- Não sou que tenho que te responder isso, florzinha – ela me beijou na testa demonstrando compaixão - Qual a última coisa que você se lembra de ontem?
- Hum... – forcei a memória, mas tá difícil recordar alguma coisa. – Bom eu lembro da virada do ano, a gente se abraçando, eu batendo no Chay, oRodrigo dormiu sentado, nós bebemos uns drinques esquisitos e a última coisa que me vem à cabeça foi quando o Nick me tirou da pista de dança.
- Só isso? Tem certeza?
- Tenho Cath. O que foi?
- Luinha, acho melhor você ir falar com o Nick.
- Mas...
- Eu arrumo nossas coisas, vai lá falar com ele.

- Nick?
- Luinha? – ele me olhou de um jeito estranho quando abriu a porta do quarto. – O que você tá fazendo aqui?
- A Cath me disse que eu precisava vir te ver, e agora eu vejo que a coisa é mais séria do que eu imaginei.
- Você me odeia, né?
- Por que eu deveria?
- Ah meu Deus, você não lembra – ele passou a mão nos cabelos, os deixando arrepiados –, vai ser pior ainda, eu vou ter que te contar.
- Que droga, eu to começando a ficar nervosa. O que aconteceu, Nick? – eu sentei ao lado dele na cama. – Você ficou com outra garota? Ou algo do tipo, foi?
- Não... Eu...
- Você...?
- Olha Luinha, antes de qualquer coisa eu quero esclarecer que eu tava bêbado, tá bem? Eu nunca faria nada daquilo se eu estivesse normal. Você sabe que eu te amo e não faria nada pra te machucar intencionalmente.
- Você tá me assustando – ele tava mesmo, ainda mais quando tampou o rosto com as mãos e respirou fundo.
- Você tava dançando com a Mel e a Nanda, daí o resto da galera resolveu ir dançar, só o Rodrigo ficou na mesa dormindo, eu estava no bar te olhando – ele respirou fundo e me olhou nos olhos, e pude ver que estavam vermelhos, cara! Ele ia chorar? Eu estava realmente com medo de saber o que aconteceu. – Eu já tinha bebido o suficiente, mas quando eu vi o Aguiar se aproximando e bagunçando seu cabelo, eu esperava que você brigasse com ele, mas você deu um tapa no braço dele e riu. Você riu, Lua! Foi aí que eu comecei a beber mais ainda. Vocês estavam bebendo e dançando, se divertindo juntos, sem nem sentir minha falta. Daí a ANA pegou a câmera, e vocês estavam lá tirando fotos, o Aguiar abraçou você e a Cath pela cintura, e você... Você... – os olhos do Nick começaram a encher de água.
- Eu fiz o quê, Nick? – minha voz agora não passava de um sussurro.
- Você abraçou o Aguiar com tanta vontade, e o beijou...
- Eu beijei o Arthur? – agora sim minha voz saiu mais alta, tamanho o susto.
- Na bochecha, você o beijou na bochecha – suspirei aliviada e o Nick continuou. – Eu sei que é idiotice minha, mas isso foi demais; então eu levantei e te tirei da pista. Você já tava ‘alegrinha’, então não percebeu que eu te segurei com força demais; mas o Aguiar percebeu. Eu te levei até um corredor e... – foi aí que as lágrimas caíram dos olhos dele; Nick abaixou a cabeça apertando os olhos com força, fazendo as lágrimas saltarem dos olhos extremamente azuis. – E... eu quase, eu quase te forcei a... – a voz dele sumiu, ele estava com os cotovelos apoiados nos joelhos, e escondeu o rosto nas mãos. – Eu te prensei contra uma parede e você ficou meio mole, e eu não parei.
- Você... – agora os meus olhos estavam marejados, minha respiração ficou falha – Eu não acredito... Nicholas!
- Eu tava com tanto ódio de você e do Aguiar, mas principalmente de mim mesmo por gostar de uma garota que deixa claro que não gosta de mim – Nick se levantou e passou a mão com força nos olhos limpando as lágrimas. – Eu sei que isso não é justificativa pelo o que eu...
- Por favor... – meu choro já tinha ganhado o quarto, e estava tão descontrolado que eu até estava balançando a cada soluço. – Me diz que você não fez isso...
- Não fiz... Foi por muito pouco... – Nick se ajoelhou na minha frente e tentou segurar minhas mãos, mas eu as afastei. – Lua, por favor, acredita em mim, eu amo você... Eu...
- ME AMA? COMO VOCÊ PODE ME AMAR E FAZER UMA COISA DESSAS? – eu gritei na cara dele e levantei da cama. – MAS AGORA EU QUERO SABER O QUE TE FEZ PARAR? UM FIO DE CONSCIÊNCIA? OU FOI TODO ESSE AMOR QUE VOCÊ DIZ TER QUE TE DEVOLVEU A SANIDADE? AHN? ME DIZ!
- Eu não ia parar, eu tava fora de mim – ele disse baixo ficando de pé e de frente pra mim. – O Aguiar chegou... Ele chegou e te tirou de lá.
- Quê? – eu ouvi errado, só pode ser.
- Ele apareceu do nada, e te arrancou dos meus braços – ele mal terminou a frase e o som do tapa que dei no rosto dele ecoou no quarto.
- Eu não quero mais te ver... – minha voz saiu fraca por causa do choro e da descrença no que tinha acabado de ouvir.
- Eu não mereço, mas me perdoa, Luinha. Eu amo você. Não era eu – Nick me abraçou com força e chorou com o rosto escondido no meu pescoço, sussurrando. – Me perdoa. Eu te amo.
- Eu não posso mais ficar perto de você – eu disse firme quando minhas lágrimas cessaram o afastando de mim. – Não por agora.
- Eu... Eu entendo – ele passou a mão no rosto e respirou fundo. – Quando sua raiva e desprezo passarem me dá mais uma chance de pelo menos conversar com você?
- Eu não prometo nada Nicholas – e com isso eu saí do quarto.


****

- Lua?
- Eu... Você disse que eu poderia vir se... – disse assim que ele abriu a porta, enquanto terminava de vestir um moletom vermelho.
- Você tá chorando?
- O Nick... Ele...
- Você lembrou ou alguém te contou?
- Ele me contou – recomecei a chorar e ele me puxou pra um abraço. – Ah Arthur...
- Vem cá – eu passei meus braços por sua cintura e fiquei com o rosto em seu peito, enquanto ele colocou uma mão entre meus cabelos e a outra nas minhas costas. – Shiu, vai ficar tudo bem. Se acalma, Luinha, shiiu.
Ele foi me conduzindo de costas até sentarmos no sofá que tinha no quarto, mas em nenhum momento ele me soltou. Ainda chorando, eu deitei a cabeça no colo do Arthur, enquanto ele mexia no meu cabelo e cantarolava alguma coisa.
O cheiro dele, a voz dele, o toque, sua presença no geral, nada pode descrever a sensação, o conforto, paz e bem estar que me traziam.
Ficamos assim durante muito tempo, não sei dizer quanto. Só sei que não queria sair dali e encarar a realidade de que meu 
namorado quase me... Nem sei que palavra usar.
Parei de chorar, mas não me mexi. Comecei a fazer desenhos abstratos com a unha na calça jeans do Arthur; e então eu percebi o que ele estava cantarolando.
- Leona Lewis? – eu virei o rosto pra olhá-lo, e ele riu. – Nunca imaginei você cantarolando Leona Lewis.
- Eu escutei essa música não sei onde, e fiquei com a melodia na cabeça – Arthur continuou enrolando meu cabelo entre os dedos. – Ela é até legalzinha.
- É eu sei, porque provavelmente você me ouviu cantando ontem. Eu tava escutando o CD dela enquanto me arrumava – lembrei da altura que o volume do som estava no quarto, nem sei como a gerencia do hotel não reclamou.
- Ah. então foi você que me deixou viciado nessa música! – ele apertou meu nariz de leve e eu sorri. – Canta aí o refrão pra eu aprender.
- Ah não, não quero cantar não – escondi meu rosto com as mãos –, minha voz tá rouca por causa do choro.
- Ah canta, eu odeio ficar com a melodia sem letra na cabeça – Arthur começou a me fazer cócegas.
- PÁRA, PÁRA QUE EU CANTO – eu gritei rindo, ele parou e eu sentei no sofá – é assim, escuta...

So take a bow 'cause you've taken everything else
Então agradeça, pois você tomou tudo
You played the part, like a star you played it so well
Você fez o papel, como uma estrela você interpretou muito bem
Take a bow 'cause the scene is coming to an end
Agradeça, pois a cena está chegando ao fim 
I gave you love, all you gave me was pretense, so now take a bow
Eu te dei amor, tudo o que você me deu foi fingimento, então, agora agradeça.

- Ok, essa letra não me trouxe boas lembranças – eu disse e, por incrível que pareça, consegui rir.
- Não vamos falar sobre isso, não agora que você parou de chorar – Arthur sorriu e bagunçou meu cabelo. – Já ta na hora de irmos embora, Lua Lewis.
- Lua Lewis?
- É, você cantou diretinho, até aprendi a letra.
- Ok, você é muito besta.
- Essa coisa de ser amigo tá dando certo, né?
- Até agora tá. Arthur? Brigada.
- Pelo quê?
- Por ontem... E por agora.
- Amigos servem pra isso, Luinha – ele forçou o apelido e nós rimos.


****

- Bom, eu preciso ir ao meu apartamento pegar roupas de calor – Arthur disse assim que saímos dos carros em frente à casa dos Aguiar.
- Meu Deus, ele ainda lembra que tem um apartamento – Cath brincou, ANA e eu rimos e Arthur lhe deu um ‘pedala’. – Pensei que você tinha voltado pra casa da sua mãe.
- E a sua casa Cath? Há quanto tempo você não vai lá? – ele disse irônico e Cath só riu.
- Cara! É verdade, falando em minha casa eu lembrei de uma coisa pra contar – ela disse animada. – Meu pai ta namorando! Acreditam? Por isso que eu não vou mais tanto assim em casa, pra dar privacidade.
- Aham sei. Sua aproveitadora de casas alheias – Arthur brincou e nós rimos. – É sério, tenho que ir lá buscar roupas.
- Arthur, carro, carro, Arthur, e aquela ali é a rua, segue em frente que você acha um prédio e lá é onde você mora, quer que eu desenhe? – ANA fez gestos com as mãos indicando o carro dele e a rua.
- Senhoras e senhores, minha irmã ANA, a comediante – Arthur disse de um jeito teatral, e até a mãe deles que tinha voltado pra pegar mais coisas no carro acabou rindo também. – Ô palhaça, eu quero saber se nenhuma de vocês tá a fim de ir lá comigo.
- Posso fazer uma pergunta? – Cath levantou a mão, do jeito que nós 
deveríamos fazer no colégio, nós assentimos com a cabeça. – Por que você fala ‘alguma de vocês’, sendo que você tá convidando a Lua, no fim das contas?
- Eu... Erm... Eu não... – Arthur começou a gaguejar e nós rimos.
- Vamos logo antes que eu desista, Aguiar gago – eu o puxei pelo casaco e mandei beijo pras meninas.


****

- Me lembra de fazer alguma coisa que contenha chocolate quando voltarmos pra casa? – eu disse assim que entramos no carro.
- Tá, mas por quê? – Arthur me olhava de canto de olho, enquanto dirigia com cuidado pelas ruas congeladas de Londres.
- Porque as meninas merecem um ‘agrado’, por terem sido tão fofas durante a viajem de volta – Mag e Liza foram com a Sra. Aguiar; Mel, Chay eNanda no carro do Rodrigo; Cath, Billy, ANA e eu no carro do Arthur. Durante a curta viagem, as meninas falaram o tempo todo, não me dando ‘tempo’ pra pensar no que aconteceu com Nick. – Então decidi que elas merecem alguma coisa com chocolate.
- Ok, mas eu também quero – Arthur concordou sorrindo.
- Tudo bem, você também merece – eu sorri e apertei a bochecha dele. – Sabe Arthur...
- Hum?
- Tudo isso é tão estranho.
- Isso o quê?
- A gente, de ódio e agarramento passando a ser amigos...
- É estranho e repentino... Mas eu prefiro assim do que você não falando comigo – ah que fofo, ele ficou vermelho, esse sorrisinho de lado ainda me mata.
- Mudando de assunto – é melhor mudar antes que eu perca a cabeça. – O que aconteceu com a Liza? Ela tá quieta e sumida.
- Ela tá brava comigo – Arthur me olhou de um jeito sapeca.
- O que você fez?
- Primeiro eu dei um fora nela, e quando eu tava te levando pro quarto – ele parou de falar vendo que minha respiração falhou –, quando aquilo aconteceu, ela me viu com você, e disse que eu era idiota por defender quem não me merecia, e eu fui estúpido com ela.
- Como eu queria ter visto isso – eu dei uma risada maldosa e Arthur parou o carro num farol. – O que você disse á ela?
- Eu disse, não é pra rir, viu Lua? – ele sorriu envergonhado. – Que preferia defender alguém que eu não mereço, desacordada e ainda assim linda, do que aturar uma garota fútil e vulgar como ela.
- Arthur, tá maluco? – eu dei um tapa na testa dele.
- Peguei pesado com ela?
- Não idiota, porque eu nunca daria risada, foi tão fofo – não vou comentar a parte em que meu coração bateu descompassado.
- Foi? – ele disse baixinho, se aproximando de mim e colocando uma mão no meu rosto.
- Aham – volta respiração, eu que mando, volta!
- Sabe Lua? – ele sussurrou bem perto – Você não acha que eu faria 
isso depois de tudo que eu te disse, acha? – ele riu e mordeu minha bochecha, voltando a dirigir.
- Arthur, você é mesmo muito besta – eu ri também pela situação cômica que ele criou, descontei a mordida no braço dele. – Você não deveria brincar assim comigo, estou emocionalmente fragilizada, sabe? – fiz um bico bem de criança mimada.
- Ah to vendo, já tá até fazendo graça sobre isso.
- Melhor rir do que chorar, certo?
- Certo – ele riu já estacionando o carro. – Sua tarada, você queria me beijar.
- Eca, nem brinca com isso, eu morreria intoxicada – fingi ânsia de vomito e ele gargalhou.
Sabe, o Nick é perfeito, mas às vezes não é perfeição que a gente procura, é uma vida com momentos tristes e momentos lindos, para que estes últimos sempre fiquem na nossa memória. Já pensou se só tivéssemos momentos bons? Não daríamos o devido valor a eles. E aqui nesse carro com oArthur, eu vejo que posso ter tudo isso, com as minhas amigas e, bom, com meu novo amigo, Arthur Aguiar.

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11 comentários:

  1. aaaaaaaaaaaaaapaixonada demaaaais por essa web quero maais (:

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  2. to amando é mnha web preferida posta mais pfpfpfpfpf

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  3. Oh Godd que liindo essa ultima parte .. Fiquei com lágrimas nos olhos,é sério :')

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  4. muito bom posta mais logo por favor

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  5. own muito lindo posta mais!!!!!!!!!!!!!!

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  6. cara , brubs , voce tem que postar mais , please !

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  7. Onde vc tira esta criatividade???? Bruna eu te mato, por que ela no inicio não....com o Arthur, e que diabos ele quer ser só amigo dela?? Ta já saquei que ele quer reconquista-la.E depoiis, pq ela não beijou o Arthur? Te amo fofa posta maiis *-*

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  8. aaah , ela tem que ficar com o thur , faz ela ficar com ele poor favoor vai ? =))

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  9. essssssssssssssssaaaaaaaa o web e o pipocooooooo..kkkkkkkkkkkkkkkkkkk querooooooo maiss

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  10. a Lua fica com o Arthur e eu com o Nick , ta ótimo *o* KKKKKKKKKKKK maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaais

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  11. maravilhoso! amei

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