domingo, 12 de fevereiro de 2012

Meu Lugar é ao Lado Teu

Capítulo 3 – Eu não ligo pra etiqueta, eu aplaudo rebeldias, eu respeito tiranias e compreendo piedades. – Adriana Calcanhotto (Senhas)Lua Infancia



(7 meses depois)
 
Fazia mais um ano que
 Lua, ainda se culpava pelo assassinato dos seus pais, sim você pode dizer, mas ela foi, porém era criança com um homem, que dizia ser seu namorado, com um homem que toda família confiava, com um homem que se dizia que ele nunca faria isso e fez. 
Ela estava ocupada em seus cálculos quando começou a ouvir seus pais gritarem um com outro, sua mãe dizia que queria divórcio, seu pai dizia que ele corrigirá a besteira que ele fez, e ele nunca mais fará. Sua mãe chorava
 Luinha só prestava em cada detalhe da conversa, mas como sempre sem reação alguma, seu pai havia traído sua mãe. Seus pais adotivos brigavam muito depois que a filha deles morreu como sua mãe disse; seus pais verdadeiros nunca brigavam, eles se amavam. 
Lua foi para seu quarto e ficou mudando as estações até achar uma música que a atraiu...
 

“Eu não gosto do bom gosto, eu não gosto do bom senso. Eu não gosto dos bons modos não gosto. Eu agüento até rigores, eu não tenho pena dos traídos, eu hospedo infratores e banidos, eu respeito conveniências. Eu não ligo para conchavos, eu suporto aparências, eu não gosto de maus tratos. [...] Eu agüento até os modernos, e seus segundos cadernos, eu agüento até os caretas, e suas verdades perfeitas [...] Eu agüento até os estetas, eu não julgo competência, eu não ligo pra etiqueta, eu aplaudo rebeldias, eu respeito tiranias, e compreendo piedades, eu não condeno mentiras, eu não condeno vaidades [...] Eu gosto dos que tem fome, dos que morrem de vontade, dos que secam de desejo, dos que ardem...”
 

Ela engoliu a seco, e uma parte ficou em sua cabeça “eu não ligo pra etiqueta, eu aplaudo rebeldias, eu respeito tiranias e compreendo piedades. Eu não condeno mentiras, eu não condeno vaidades.” A última rádio que ela ouviria agora seria MPB FM, se uma música dessas acabou a confundido, trazendo todos aqueles sentimentos ruins à tona, sua alma que estava tranqüila ficou agitada.
 
Lágrimas gélidas desceram pelo seu rosto, lágrimas que caíram quando viu o que ela havia feito com seus pais, lágrimas que caíram relembrando como ela foi aos primeiros meses no orfanato. Longos meses de rebeldia, longos meses de choro e soluços, longos meses se culpando, e tudo isso voltou... Tudo.
 
Pegou seu mp3 colocando logo o play para ver se aquele sentimento de ódio culpa e desejo de ver as pessoas se ferirem em sua frente. A música que tocava era do Hevo 84 – a vida é minha só que na versão acústica,
 Lua se acalmou um pouco, mas do lado de fora ela ainda ouvia seus pais gritando. 

- Quero que esse medo vá embora para nunca mais voltar. Quero que esse medo vá embora para nunca mais voltar. Quero que esse medo vá embora para nunca mais voltar. Quero que esse medo vá embora para nunca mais voltar. Quero que esse medo vá embora para nunca mais voltar – dizia
 Lua repetindo e se abraçando pelas pernas tentando fazer com que aquele sentimento fosse embora, aquele medo de que tudo aconteceria de novo. 

-
 Luinha, o que houve querida – disse Marrie vendo o rosto de Lua vermelho, seus olhos inchados, ela se balançando com os braços envolvidos nas pernas e repetindo a mesma frase o tempo inteiro. Parecia que ela havia se desligado do mundo. 

-
 LUA POR FAVOR, MENINA. FALA COMIGO – gritava Marrie desesperada, mas Luinha só repetia a mesma frase, e continuava do mesmo modo. 

-
 Chay, Chay, <Chay, POR FAVOR, VEM NO QUARTO DA Luinha. – Gritava Marrie na porta de Chay. 

- O que houve Marrie? – disse ele.

- É a
 Luinha, ela está repetindo a mesma frase o tempo inteiro, seus olhos e seu rosto inchados e vermelhos, está se balançando abraçada nas pernas. Chay por favor. Tente falar com ela, eu irei falar com seus pais. Vai lá, por favor – dizia Marrie desesperada. 

- Ta bom. – Disse ele e saiu correndo desesperado ao quarto de
 Luinha

. - Quero que esse medo vá embora para nunca mais voltar. Quero que esse medo vá embora para nunca mais voltar. – dizia
 Luinha. Chay olhou para ela apavorado. 

-
 Luinha, Lua PÁRA, . – Gritava Chay. Ele pegou-a no colo e correu descendo as escadas. ELuinha ainda repetia a mesma frase. 


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